Fim de tarde de uma quinta-feira.
Céu nublado, folhas voando e um coração inquieto que batia acelerado. Essas são
as imagens que me vêm à memória daquele 27 de junho de 2013. Isso mesmo, dois
anos atrás eu chegava ao Rio de Janeiro sem uma passagem de volta. Com pouca
bagagem, muita expectativa e rodeado por uma aura de ingenuidade – que viria a
se dissipar aos poucos – fiz de Botafogo o meu primeiro lugar fora de casa. De
lá pra cá, “já morei em tanta casa que nem me lembro mais”.
Sentimentos confusos habitam a
mente de quem sai de casa sem um destino certo. Recém-formado, nenhum emprego
em vista ou conhecidos na cidade e sem saber por onde começar: as coisas pareciam
ainda mais difíceis. A única certeza era que o curso de Letras (motivação inical
para a mudança) começaria em agosto. Do Fundão, onde estudei por apenas três
meses, guardo apenas as amizades e os bons momentos que faziam daquele duro início mais suave.
Troquei a Ilha do Fundão pelo
reino do Castelo Mourisco de Oswaldo Cruz: enfim, o primeiro emprego como
jornalista. Surgia o tal Lucas Rocha que começava a se aventurar em textos cada
vez mais complexos e inusitados. Falar sobre doenças, técnicas e aplicações
tornou-se um desafio cotidiano – que suprimiu até o pânico e a irritação de
falar ao telefone. Ah, o telefone! Ferramenta mágica que permite contato com
jornalistas de todo o Brasil e do mundo: da TV Globo à BBC, da Rádio Aparecida
à CBN, do Correio Braziliense à Tribuna de Santos. Os assuntos?! Vão de A a Z:
AIDS, dengue, chikungunya, leishmaniose, hanseníase, zika... Na hora de escrever
sobre um assunto, toda fonte de informação é válida! Outro dia, veja só,
recorri ao REFICOFAGE (reino, filo, classe, ordem, família, gênero e espécie)!
Não satisfeito, pensei que voltar para a Comunicação Social seria uma boa ideia. Um retorno que reforça a busca pelo aperfeiçoamento, a vontade de manter a mente em dinâmica atualização e fugir do comodismo. Trabalhar durante o dia, estudar durante a noite e encontrar tempo para viver no meio disso, rs. A faculdade é como o tal rio que você não pode entrar duas vezes, como dizia Heráclito. Você já não é o mesmo, mas talvez isso seja algo bom.
Dois anos... o Rio me garantiu o despertar
para uma nova vida. Nesse tempo, eu me perdi, me encontrei, me reinventei. Com a mudança, passei a conhecer prazeres inusitados, desfrutar
de novos sabores e a aproveitar o tempo da melhor forma possível. Descobri o
que é amar, aprendi a expressar sentimentos e a importância de contar
com aqueles que nos querem bem, mesmo que à distância. Ganhei força para lutar pelos meus sonhos, meus afetos e planos. Aos poucos fui deixando de ser imediatista, aceitando que a estrada é longa e que este é apenas o começo.







