sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Balanço do ano: Novelas

A melhor do ano: Das mesmas autoras de O Profeta (2006) e Cama de Gato (2009), considero Cordel Encantado de Thelma Guedes e Duca Rachid a melhor novela de 2011. A parceria das autoras se consolida com a criação de um conto de fadas de época ambientado no nordeste brasileiro.

A história se baseia na vida de Açucena (Bianca Bin), princesa do reino fictício de Seráfia, criada como uma moça simples do sertão, devido às armações da vilã Úrsula (Débora Bloch). Paralelamente, vemos a vida de Jesuíno (Cauã Reymond), filho do cangaceiro mais famoso da região, que rejeita o modo de viver do pai, mas com o tempo se torna um aliado para destruir o vilão e coronel Timóteo Cabral (Bruno Gagliasso).

Nesse período desenvolve-se o romance de Doralice (Nathalia Dill) com o príncipe Felipe (Jayme Matarazzo), personagens que durante boa parte da novela estiveram envolvidos com os protagonistas num quarteto amoroso com idas e vindas.

Além da liberdade de criação sobre a típica narrativa encantada, a produção ousou ao reproduzir um nordeste totalmente caracterizado, desde as casas e cidades cenográficas aos figurinos típicos, como os de cangaceiros e roupas de época. Do outro lado, o país Seráfia seguiu as características européias, na composição de roupas de reis e rainhas com direito a castelo e tudo! Com um elenco enxuto, porém talentoso e apostando na dobradinha Cauã/Bianca (Passione) e Nathalia/Jayme (Escrito Nas Estrelas), as autoras ganharam a confiança do público que retribuiu por meio dos números: a média geral foi acima dos 25 pontos, com picos de 27 a 30 e último capítulo marcou 32 pontos, sucesso para o horário.

A surpresa do ano: A Vida da Gente, a sucessora de Cordel na faixa das seis. Após o ritmo de faroeste mesclado com comédia imprimido pela antecessora, A Vida da Gente tinha tudo para afundar o horário, visto que apresenta uma trama essencialmente dramática. Entretanto, com um enredo focado no cotidiano de famílias de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, a novela foi a grande surpresa do ano. Confesso que tive minhas reservas quanto a acompanhar tanta choradeira, ainda mais protagonizada por Fernanda Vasconcellos. Posso dizer que fui conquistado pela história: todos os dias ligava a TV esperando pelo jornal local (MGTV) exibido às 19h15 e pegava o final dos capítulos, quando dei por mim não levantava do sofá durante um capítulo inteiro. Lícia Manzo é autora novata e apresenta um texto rico, repleto de detalhes e delicadezas que só quem é apaixonado pelo cotidiano sabe admirar. Ainda no ar, vale a pena se apaixonar.

O erro do ano: De Aguinaldo Silva, Fina Estampa, a promessa de uma história popular, que viria a discutir temas importantes e a questão da aparência versus caráter na sociedade, tudo com um toque de brasilidade. O início da novela mostrou tudo isso, com a presença forte de Griselda (Lília Cabral) em contraponto à futilidade de Tereza Cristina (Christiane ‘do rock’ Torloni). De novembro pra cá a trama desandou e as histórias vêm se misturando de forma aleatória e sem resultados. A maioria dos personagens não possui apelo e não há motivação para torcer por eles. É nesse ponto que o navio começa a afundar pra mim, acho que nem o Pereirão dá jeito.

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