terça-feira, 8 de março de 2011

Um relacionamento expresso

A marca dos relacionamentos atualmente é a efemeridade dos envolvimentos. Podemos perceber a efervescência das relações no agito de uma noite: para se ter a intimidade de um beijo, basta apenas um olhar.

O famoso “encarar” é suficiente para que duas pessoas se entreguem a um rápido enlace que pode se resumir a uma série de beijos ou até mais, terminando em uma noite de sexo.

O anonimato desse tipo de laço é outro aspecto que apesar de normalizado ainda gera espanto se demandar uma reflexão. As barreiras da intimidade são rompidas sem o desenvolvimento de uma interação saudável baseada no diálogo. A inversão de etapas é notável, a fase de conhecimento do outro é suprimida pelo desejo alucinado que não possui rédeas nem regras.

A via facilitada da pegação talvez surja no intuito de evitar as relações que já enfrentam problemas diversos como o tédio, o ciúme e a traição. Esse enlace rápido mascara a dificuldade dos indivíduos em se entregar a um relacionamento de forma completa. Além de afogar as próprias necessidades, reduz-se a outra pessoa a um mero pedaço de desejo desprovido de sentimentos maiores que a cobiça sexual.

Do outro lado da questão se encontram as pessoas românticas, que caso não encontrem outra pessoa com os mesmos ideais tendem ao fracasso afetivo. Uma pessoa que mantenha determinados valores dificilmente se encontra num campo onde a relação de caráter expresso é dominante.

No contexto da velocidade cibernética em que vivemos de bits, os valores de nossos antepassados parecem retrógrados e fora de moda. Talvez não seja preciso retornar aos tempos do namoro de sofá dos anos 50, apenas seja preciso fazer uma revisão daquilo que não está fluindo tão bem no nosso interior como as aparências sugerem.

Artigo produzido para a disciplina Jornalismo Opinativo do 4º período.

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